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  • Foto do escritorMárcio Kaoru Fujikawa

Corpo Inteligente: bico de papagaio tem um lado bom?

Atualizado: 2 de ago. de 2020


Lendo os posts anteriores, percebemos que nosso corpo é uma máquina muito bem montada com vários mecanismos especiais. Por isso inicio aqui uma série de matérias detalhando o porquê de algumas funções do nosso organismo que às vezes não sabemos o motivo: a série Corpo Inteligente.

Ilustração de um papagaio triste

Fazemos muitas reações complicadas, como por exemplo respirar, bombear nosso sangue, transformar comida em energia e nos movimentar mesmo sem conhecer todos os nossos músculos. Além dessas funções, temos sistemas de defesa para as agressões do dia-a-dia e um deles tem uma má fama injusta: o bico de papagaio.

“Como assim o bico de papagaio é uma defesa do corpo?

ilustração mostrando como é o bico de papagaio

Primeiro vamos descobrir o que esse “bico” é. O nome científico dele é osteófito, que significa “crescimento de osso”. Ele é mais conhecido por aparecer na coluna, mas pode aparecer em outras regiões como por exemplo ombro, cotovelo, joelho e calcanhar. Não tem uma causa bem definida, já que às vezes ele surge mesmo em regiões onde o osso parece estar saudável. Então vamos à uma das teorias do porquê dele!

O pesquisador Lockwood e seu grupo fizeram uma experiência analisando o ligamento dos joelhos de ratos. O ligamento, por sua vez, protege a articulação impedindo movimentos muito grandes que podem machucar a região, como uma espécie de trava de emergência. Caso ele esteja machucado, a articulação fica mais frágil e instável. Os ratos com ligamentos rompidos realmente ficavam com a articulação mais frouxa, mas depois de 12 semanas os joelhos ficavam mais firmes, possivelmente devido ao bico de papagaio que cresceu na região, segundo os autores. Neste caso o bico de papagaio foi ótimo, porque ele reforçou a proteção das articulações!

Os joelhos de rato são bem diferentes dos nossos, realmente. Mas na mesma pesquisa foi citado outro trabalho sobre joelhos humanos: pessoas com problemas no joelho fizeram cirurgia para tirar os osteófitos dessa junta... mas isso causou aumento da frouxidão do local. Esse resultado apoia a teoria que os bicos de papagaio estavam lá para melhorar a estabilidade. Segundo outros pesquisadores - Kraan e Berg - os osteófitos podem contribuir para o bom funcionamento de várias articulações.

Já sabemos então que os bicos de papagaio tem sim um lado bom! Eles podem melhorar a estabilização de uma articulação como as da coluna vertebral. Imagine que temos uma taça e um copo de base mais larga em uma mesa. Caso alguém esbarre na mesa, qual dos recipientes tem mais chance de cair?

uma taça e um copo mostrando a diferença de estabilidade

O copo de base larga pode se mover um pouco, enquanto a taça pode cair e quebrar. Nossa coluna é bem parecida. Ela não pode quebrar de jeito nenhum, porque uma lesão nessa região pode prejudicar muitas funções importantes. O nosso corpo inteligente coloca esses fatores na balança: a coluna pode até ficar mais rígida se criarmos mais osso na região, mas pelo menos ela tem menos perigo de sofrer alguma lesão séria.

Ver um bico de papagaio pode até assustar e incomodar, podendo ser recomendável procurar um ortopedista para iniciar um tratamento com fisioterapia. Mas esse crescimento de osso é um mecanismo bem feito que está evitando uma lesão que poderia ser pior. Então não se preocupe caso você tenha algum, pois é muito comum termos essas alterações na coluna e às vezes ficamos sem perceber a vida inteira. Caso você tenha algum bico na coluna, isso é um sinal de que seu corpo identificou um problema e já está cuidando de você!

Até!

Referências

👁 LOCKWOOD, A. K.; CHU B. T.; ANDERSON M. J.; HAUDENSCHILD D. R.; CHRISTIANSEN B. A. Comparison of loading rate-dependent injury modes in a murine model of post-traumatic osteoarthritis. Journal of Orthopaedic Research. Vol 32. P79-88. Janeiro de 2014. Acesso em 22 de abril de 2018.

👁 KRAAN P. M.; BERG W. B.; Osteophytes: relevance and biology. Osteoarthritis and Cartilage. Vol 15. P237-244. Acesso em 22 de abril de 2018.

PLAUGHER, G.; LOPES, M A. Textbook of Clinical Chiropractic: a specific biomechanical approach. Ohio: The Educational Publisher.

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